Infarto: como a fisioterapia acelera a sua recuperação e melhora a sua qualidade de vida?

Danilo G. M. Ximenes

3/23/20255 min read

Sabia que o infarto agudo do miocárdio é a principal causa de morte no Brasil?

A cada ano, entre 300 e 400 mil brasileiros sofrem um infarto, e, em média, uma a cada cinco pessoas não sobrevive. Os homens estão entre os mais afetados.

Os números não são alarmantes apenas na taxa de mortalidade, mas também no impacto financeiro para o Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2019, o custo médio de cada admissão hospitalar por infarto foi de R$ 1.488,00, e os gastos com procedimentos complexos foram ainda mais elevados: aproximadamente 755.411 angioplastias e 265.123 cirurgias de revascularização miocárdica foram realizadas, com um custo médio de R$ 8.319,00 por cirurgia. No total, o SUS gastou cerca de R$ 353 milhões apenas com esses procedimentos, além de outros R$ 119 milhões com internações por infarto.

Diante desses números, surge uma pergunta essencial: será que parte desse dinheiro não poderia ser investida na prevenção do infarto e na reabilitação cardiovascular? Afinal, além do impacto financeiro, milhares de vidas poderiam ser salvas com estratégias mais eficazes de cuidado e reabilitação.

Você sabia que a fisioterapia pode reduzir o risco de um novo infarto?

Muitas pessoas acreditam que, após um infarto, basta tomar os medicamentos prescritos e evitar esforços físicos. No entanto, a inatividade pode ser um dos maiores inimigos do coração. A reabilitação cardíaca, conduzida por fisioterapeutas especializados, tem um papel fundamental na recuperação, ajudando o paciente a retomar suas atividades com segurança e prevenindo novos eventos cardiovasculares.

A fisioterapia atua na reabilitação pós-infarto por meio de programas supervisionados de exercícios, orientações sobre mudanças no estilo de vida e acompanhamento contínuo da resposta do organismo ao esforço físico. Estudos mostram que pacientes que sofreram um infarto ou passaram por cirurgia de revascularização e que participam de programas de reabilitação cardíaca apresentam uma redução significativa no risco de novos infartos e hospitalizações, além de uma melhora na qualidade de vida.

Quais são os principais benefícios de um programa de reabilitação cardíaca para quem sofreu um INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO?

Antes de tudo, é importante destacar que a reabilitação cardíaca é uma modalidade de tratamento que deve ser adotada em conjunto com o tratamento clínico. Esse programa é composto por exercícios físicos, incluindo atividades aeróbicas, exercícios de resistência e combinações entre eles.

Após um infarto, é comum que as pessoas tenham receio de fazer esforço físico, temendo comprometer sua recuperação. No entanto, essa preocupação, embora compreensível, não reflete a realidade. Assim como ocorre com os medicamentos, o exercício físico tem uma "dose" ideal para promover benefícios à saúde, e essa prescrição deve ser feita de forma individualizada, considerando as condições e necessidades de cada paciente. Para isso, é fundamental contar com um profissional capacitado – e, nesse contexto, o fisioterapeuta desempenha um papel essencial.

A relação entre capacidade física e qualidade de vida

Para realizar nossas atividades diárias – como andar, vestir-se ou mesmo tarefas mais exigentes –, precisamos de uma boa capacidade física, que se refere à aptidão do organismo para desempenhar essas funções com eficiência e segurança, sem fadiga excessiva. A reabilitação cardíaca tem como um dos principais objetivos melhorar essa capacidade, permitindo que o paciente tenha mais autonomia e qualidade de vida.

Mas você sabia que a capacidade física é um preditor de mortalidade, independentemente de a pessoa ter sofrido um infarto ou não? Estudos mostram que indivíduos com baixa capacidade física apresentam maior risco de morte quando comparados àqueles com boa aptidão física. Isso reforça a importância da prática regular de exercícios físicos, não apenas para a recuperação pós-infarto, mas também para a saúde geral.

Agora, vamos entender como o exercício físico contribui para essa melhora e quais adaptações ele promove no organismo.

Benefícios do exercício físico na reabilitação cardíaca

O treinamento físico proporciona diversas adaptações fisiológicas que favorecem a saúde cardiovascular, incluindo:

  • Melhora da circulação coronariana

O coração é um músculo que precisa ser bem nutrido e oxigenado para funcionar corretamente. Os exercícios físicos proporcionam um aperfeiçoamento do fluxo sanguíneo por meio do aumento do diâmetro das artérias coronárias (responsáveis por levar sangue ao coração), favorecendo maior oferta de oxigênio e nutrientes ao músculo cardíaco.

  • Aperfeiçoamento da função endotelial

O endotélio é a camada interna dos vasos sanguíneos e desempenha um papel fundamental na regulação da circulação. O exercício físico melhora a capacidade de dilatação dessas artérias, facilitando a circulação sanguínea. No entanto, estudos mostram que esses benefícios podem ser revertidos caso o paciente interrompa a prática regular de exercícios, o que reforça a necessidade de manter a atividade física como um hábito contínuo.

  • Regressão das placas ateroscleróticas

As placas ateroscleróticas podem obstruir ou limitar o fluxo sanguíneo nas coronárias, sendo uma das principais causas do infarto. O exercício físico contribui para a regressão dessas placas e, quando aliado a mudanças no estilo de vida, pode retardar sua progressão. Para potencializar esse efeito, recomenda-se:

  1. Dieta com baixo teor de gordura

  2. Prática regular de exercícios aeróbicos

  3. Gerenciamento do estresse

  4. Cessação do tabagismo

  • Estimulação da angiogênese

A angiogênese é o processo de formação de novos vasos sanguíneos, o que aumenta a irrigação do coração e melhora seu funcionamento. A prática regular de exercícios estimula esse mecanismo, tornando o sistema cardiovascular mais eficiente.

Quais são as melhores modalidades de exercício na reabilitação cardíaca?

Instituições renomadas, como a American Heart Association, American College of Sports Medicine, European Society of Cardiology, Organização Mundial da Saúde e Sociedade Brasileira de Cardiologia, recomendam a inclusão de diferentes modalidades de exercício para pacientes que sofreram um infarto, entre elas:

  • Exercícios aeróbicos (como caminhada, ciclismo e natação)

  • Exercícios resistidos (treinamento com pesos leves, para fortalecimento muscular)

  • Exercícios mistos (combinação de aeróbicos e resistidos)

  • Exercícios de flexibilidade (alongamentos, que ajudam na mobilidade e prevenção de lesões)

O infarto agudo do miocárdio é uma condição séria, mas a reabilitação cardíaca tem um papel fundamental na recuperação e na prevenção de novos eventos. Os exercícios físicos prescritos e supervisionados por um fisioterapeuta especializado melhoram a capacidade física, a função cardiovascular e a qualidade de vida, reduzindo significativamente os riscos de complicações.

Se você ou alguém que conhece já passou por um infarto, não ignore a importância da reabilitação! Converse com seu médico, procure um fisioterapeuta especializado e descubra como a fisioterapia pode ajudar na sua recuperação e na sua saúde a longo prazo.

Entre em contato com a Elleva e agende uma avaliação domiciliar. Vamos juntos cuidar do seu coração!

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